sexta-feira, 11 de novembro de 2011

RAUL SEIXAS, ZÉ RAMALHO E ZÉ LIMEIRA

Raul Seixas e Zé Ramalho:

Um encontro em cordel



O cantor e compositor baiano Raul Seixas (1945-1989) não era indiferente à literatura de cordel. Aliás, a estrutura do cordel pontua boa parte de sua obra. Exemplos não faltam. A música Os Números, de 1976, feita em parceria com Paulo Coelho, traz sextilhas como esta:

“Meus amigos,esta noite
Tive uma alucinação
Sonhei com bando de número
Invadindo meu sertão
Vi tanta coincidência
Que eu fiz esta canção.”

Um ano depois, com novo parceiro, Cláudio Roberto, Raul apresentou Que Luz é Essa?, que mantém a estrutura do verso setissílabo, no compasso da poesia popular. Eis a resposta à pergunta do título:

“É a chave que abre a porta
Lá no quarto do segredo
Vem provar que nunca é tarde
Vem mostrar que é sempre cedo

E que pra todo pecado
Sempre existe um perdão
Não tem certo nem errado
Todo mundo tem razão
E o que o ponto de vista
É que é o ponto da questão”.


Vale lembrar que o “quarto do segredo” é um motivo recorrente dos contos populares, que inspiraram muitas estórias do Cordel. Muitos livros foram escritos sobre Raulzito, mas com exceção de Raul Seixas: Dez Mil Anos à Frente, de minha autoria, nenhum conseguiu enxergar a influência da literatura de cordel na obra do cantor e compositor baiano. É o mesmo que falar do paraibano Zé Ramalho e omitir a presença dos cantadores nordestinos no alicerce de sua obra.

Os poetas populares, mais familiarizados com o assunto, vão logo ao cerne da questão. É o caso do cearense Arievaldo Viana, que imaginou um Encontro de Raul Seixas com Zé Ramalho na Cidade de Thor. É a mesma cidade visitada por Raul Seixas no distante ano de 1974. O Encontro mágico dá ensejo a uma peleja, em que predomina o martelo agalopado:

“Raul: - Eu botei uma pitada nordestina
Fiz meu rock em forma de cordel
Pois também admiro o menestrel
Como o papa ama a capela sistina
Botei Jackson do Pandeiro e concertina
Fiz xaxado, fiz rock, fiz baião
Mas não tenho nada a ver com a evolução
Da tal Música Populista Brasileira
Certo dia, bateu-me uma canseira
E viajei, para sempre, na ilusão...”

A resposta do bardo paraibano remete ao hino Canção Agalopada, nascido nas páginas do folheto de Cordel Apocalipse:

“- Companheiro, já é tarde, eu preciso
Para o mundo dos homens retornar
Os meus filhos me esperam no meu lar
E os fãs querem ouvir meu improviso
Um relato completo e conciso
Desse encontro importante que tivemos
Se na fonte da verdade nós bebemos
É preciso espalhar nesse momento
A beleza de tal conhecimento
Nestes versos que agora escrevemos.”

Cearense como Arievaldo, Costa Senna chegou a São Paulo em 1990. Os versos de Raul Seixas entre Deus e o Diabo são bem conhecidos pelos “raulseixistas”, espalhados que foram pelo poeta por lugares os mais inacreditáveis:

“No dia 21 de agosto
Vi o jornal sobre a mesa
Logo na primeira página
Estava a triste surpresa
Da morte eu tenho queixas
Ela levou Raul Seixas
Nosso maluco beleza”.

Outro ilustre bardo da terra de Iracema, Antônio Carlos da Silva, o Rouxinol do Rinaré, enriquece a bibliografia em cordel do anárquico roqueiro baiano com títulos como: Raul Seixas, um Cowboy Fora da Lei; Raul Seixas e Paulo Coelho Buscando Sonho e Magia e O Encontro de John Lennon com Raul Seixas no Céu. O último parece fazer parte de um ciclo dentro do ciclo de cordéis sobre Raul, que explora as supostas peripécias post-mortem do carpinteiro do universo, nunca dissociadas do seu legado lítero-musical:

“ Na terra a coisa tá preta
Por lá os homens piraram
Loucos de cega ambição
Os políticos se tornaram
Vilões, carrascos e vítimas
Do sistema que criaram”.

Do mesmo modo que Arievaldo, Senna e Rouxinol, também viajei pelas sendas do Novo Aeon, vez por outra parando pra descansar na Vila do Sossego.

O meu folheto Galopando o Cavalo Pensamento foi classificado por Arievaldo como “galope soberano”, tomando de empréstimo um termo cunhado por Mestre Zé Ramalho. Tirem suas conclusões:

“Das trombetas ecoa um novo som,
O tinido das armas me atordoa,
O rufar de tambores longe soa,
Destruindo o último Panteon.
Será esse sinal o Armagedon?
Ou apenas mais um renascimento
De um ciclo que traz o advento
Duma aurora de brilho sem igual,
Sem início, sem meio e sem final,
GALOPANDO O CAVALO PENSAMENTO.

Finalizando esta pequena antologia, e prometendo voltar a falar do tema, deixo esta setilha, que fecha o poema O Anel do Nibelungo:

“Agora podes deixar-me
Segue teu caminho em paz.
Não te abatas novamente
E não te esqueças jamais
Do quanto eu sou fecundo
Não tem nada neste mundo
Que eu não saiba demais”.

* Por MARCO HAURELIO (www.marcohaurelio.blogspot.com)


* * *
No site oficial de ZÉ RAMALHO encontra-se disponível para leitura o texto integral do folheto PELEJA DE ZÉ LIMEIRA COM ZÉ RAMALHO DA PARAÍBA, também de ARIEVALDO VIANA. O próprio Zé Ramalho fez questão de escrever o texto de apresentação da obra:

Livro de Orlando Tejo sobre o poeta do absurdo
 
 
Peleja de Zé Limeira com Zé Ramalho da Paraíba
Arievaldo Vianna - Fortaleza
Tupynanquim Editora


Esse cordel de Arievaldo é muito engraçado e interessante. Achei curioso quando recebi os originais, pela riqueza de imagens e habilidade nas modalidades de cantoria aqui apresentadas.

Sextilhas, martelo agalopado e uma das mais argutas e perigosas: "O Cantador de Vocês", que exige atenção redobrada dos cantadores quando a estão usando. Fico lisonjeado pelo modo como apareço nesse libreto numa peleja "virtual" com o lendário Zé Limeira, personagem que tanto me inspirou ao lado dos grandes catedrátidos (Drummond, Vinicius).

Parabéns ao Arievaldo por ser um cultor desse universo poético-popular, que precisa de gente como ele para se manter na cultura e formação do povo simples e bom do nordeste brasileiro.

Zé Ramalho
Rio de Janeiro, março de 2000


Peleja de Zé Ramalho com Zé Limeira

Cordel - 04/2000
Arievaldo Viana

Glorioso Santo Afonso
Da Siqueira do Tetéu
Chica Bela, Neco Filho
Meu "padini" Cabra Miguel
Ajudai a minha lira
Pra rimar mais um Cordel...

Eu falo de uma peleja
Cantoria de primeira
Que houve no ano passado
Lá na Serra do Teixeira
Entre o cantor Zé Ramalho
E a alma de Zé Limeira.

Eu estava um dia na feira
Traçando um velho baralho
Soprou uma ventania
Mais quente do que borralho
Chegou ali de helicóptero
O Cantador Zé Ramalho.

Desceu e foi se sentando
Bem na ponta da calçada
O cabelo "arrupiado"
E a viola bem afinada
Disse: Marquei um encontro
Com uma alma penada!

Eu lhe perguntei: Poeta,
Essa história é verdadeira?
Ele disse: É com certeza
Eu nunca falei besteira,
Vim atender um chamado
Do finado Zé Limeira.

Quando ele fechou a boca
Chegou uma assombração
Com uma viola nas costas
E uma bengala na mão
Chapéu de couro quebrado
E um surrado matulão.

Zé Ramalho então saudou
O mestre com reverência.
O povo se aglomerava
Formando grande assistência.
Disse o Limeira: Ramalho
Eu quero é cantar Ciência!

Ramalho: Meu professor Zé Limeira
Vim atender seu pedido
Cantar contigo um martelo
Todo em bemol sustenido
Pegue o bordão da viola
Que eu quero ouvir o tinido!

Limeira: Eu sei que tu és sabido
Formado em Pilogamia
Só canta prosopopéia
Ao pingo do meio dia
Mas eu vim do "Puigatóro"
Escanchado numa jia.

ZR - Pra começar a porfia
Do jeito que o povo quer
Eu vim lá de João Pessoa
Montado num escaler
Estou pronto pra cantar
Tudo que o mestre quiser.

ZL - Eu já deixei Lucifer
Mamando numa ticaca
Vi um jumento chorando
Por causa duma macaca
E o macaco seu marido
Bebendo e puxando faca.

ZR - Não gosto de urucubaca
Sou cantador vacinado
Canto galope e mourão
Xote, baião e xaxado
Mas vamos entrar agora
Num martelo agalopado.

ZL - Zé Ramalho eu agora lhe previno
Cantador não agüenta o meu rojão
Eu tomando um conhaque de alcatrão
Dou no velho, na mulher e no menino
Eu já fiz Satanás bater num sino
E botei paletó numa guariba
Cantador que nasceu na Paraíba
Todo ele conhece o meu repente
São José foi cantar mais São Vicente
São Francisco espiava lá de riba.

ZR - Já andei num velho disco voador
Chega o vento esticou minhas madeixas
Lá cantei com o finado Raul Seixas
Que também era um nêgo trovador
Lá nos Andes vi a pena do condor
Que no Olimpo torturava Prometeu
Me contaram que seu "figo" ele comeu
E depois deu um arroto de lascar
Mulher feia é o terror do lupanar
lá diziam Gutemberg e Galileu.

ZL - Galileu, eu só conheço Jesus Cristo
Gutemberg este eu nunca ouvi falar
Num sei nem o que diacho é lupanar
Nem prometo que é pra num ficar mal visto
Frei Caneca dirigia um velho misto
Nessa linha de Campina a João Pessoa
Dom João Sexto casou com uma coroa
Muito horrive da costela pro toitiço
Do barrão eu só gosto do chouriço
E da fême eu só gosto se for boa!

ZR - Já subi o Monte Olimpo num vapor
Lá mostrei a minha lira para Apolo
Veio Vênus e sentou-se no meu colo
Deu-me um beijo com ternura e com ardor
Veio Marte e me disse: - Cantador
Cante agora um martelo malcriado!
Mas Saturno vendo a força do meu brado
Deu-me outro martelo mais possante
Fabricado numa forja interessante
Todo em ouro, de brilhantes cravejado.

ZL - Eu subi foi a Serra do Teixeira
À cavalo num jumento empanzinado
Este bicho deu um peido tão danado
Que azulou a cangalha e esteira
E depois foi tão grande a meladeira
Que ninguém suportava a catinga
Veio logo quarenta urubu tinga
Agarraram este jegue pela orelha
Dez num pé, dois no rabo, um na sarnelha
E um na crina, servindo de curinga.

ZR - Zé Limeira teu cantor tem liberdade
Pra dizer o que sente e o que pensa
Já contei com Geraldo e Alceu Valença
Mas nenhum tem a tua habilidade
Tuas rimas absurdas na verdade
São da fonte da sublime inspiração
Eu tomando uma cachaça com limão
Também faço martelo agalopado
Mas o teu é de aço e foi forjado
Nas crateras vulcânicas de Plutão!

ZL - Este tal de Plutão era um cachorro
Que caçava mais o velho meu avô...
Num sei nem o que é disco avuadô
Se eu ver um bicho desses, sei que morro!
Certo dia, na Matriz lá do Socorro
Vi um disco de Vicente Celestino
Apesar de Celestino, o seu destino
Era mesmo rodar aqui no chão
Eu tomei três conhaques de alcatrão
E agarrei a Maria de Virgulino!


ZR - Eu já vi que o mestre não viaja
Nem conhece o raio da silibrina
Nunca viu a maconha e a cocaína
Um veneno pior que o da naja.
É conhaque de alcatrão que lhe encoraja
A cantar este martelo diferente?
Zé Ramalho, por não ser intransigente
Ingressou na escola do absurdo
Eu já vi Satanás tocando um surdo
Festejando a chegada de um crente!

ZL - Zé Ramalho, absurda é esta vida
Onde o homem explora o semelhante
Onde o rico vive sempre triunfante
Maltratando toda a classe desvalida
Minha rima não é louca nem perdida
Quem tá doido é o pobre do "pranêta"
É violência, é roubalheira, é mutreta...
Eu prefiro o teu galope soberano
Viajando noutra esfera e noutro plano
Amontado no rabo dum cometa!

Zé Ramalho se assombrou
Com tamanha lucidez
E o realismo da estrofe
Que Mestre Limeira fez
Só sendo o Espírito Santo
Que o inspirou desta vez.
(...)



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ENCONTRO DE CARTUNISTAS

Edgar Vasques, Arievaldo e Jô Oliveira

Em Porto Alegre, eu e o ilustrador Jô Oliveira tivemos um animado encontro com os cartunistas locais... Na foto acima, estamos com o famoso Edgar Vasques, autor da tirinha 'Rango', conhecida nacionalmente. Ele acaba de lançar a versão em quadrinhos de "Tragédia da Rua da Praia", uma incrível história ocorrida em 1911 com quatro imigrantes russos, supostamente anarquistas.

Embora faça cordel desde menino meus primeiros trabalhos publicados na imprensa foram como CARTUNISTA e CHARGISTA. Iniciei em 1982 no "Jornal de Canindé", fundado pelo Dr. Bosco Sobreira. Foi lá que aconteceu a estréia do meu personagem "Nonato Lamparina", um cangaceiro atemporal, vivendo suas aventuras em plena década de 70. Em seguida passei a colaborar com o jornal O POVO, de Fortaleza, publicando tiras semanais do mesmo personagem. Finalmente em 1986 lancei minha primeira HQ, "Canindé da lenda à realidade", com tiragem de 10 mil exemplares que esgoraram em menos de dois anos. Participei de alguns salões de humor no Brasil e no exterior e organizei, juntamente com o mano Klévisson Viana, tres salões em Canindé-CE e dois em Fortaleza-CE. Tenho trabalhos publicados no catálogo do Salão Internacional de Knoke Heist, na Bélgica. Num  desses catálogos há trabalhos de outro brasileiro, o cartunista SANTIAGO, de Porto Alegre, que encontrei novamente nessa recente viagem ao Rio Grande do Sul.

Mas voltando a minha tragetória de cartunista, a partir de 1992 passei a colaborar como chargista na imprensa alternativa sindical de Fortaleza, onde estou até hoje. Já fiz muita charge e ilustração para Sindipetro, SINTAF, Sindicato dos Bancários, Sindsaúde etc. Pretendo, inclusive, lançar um livro contando, através dessas charges, 20 anos de história do movimento sindical cearense. Isso é projeto para 2012.

Uma das idéias para capa de "Traço Operário"

 

Na foto abaixo, eu e Jô Oliveira estamos na companhia dos cartunistas FERNANDO UBERTI (de colete marrom), SANTIAGO (de barba grisalha) e do jazzófilo BRENO RIBEIRO (de camisa preta), grande amigo dos cartunistas gaúchos.


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

CORDEL EM DESTAQUE


Site da Editora CORAG destaca lançamento de CORDÉIS na Feira do Livro de Porto Alegre:

Nordeste e RS ligados pela literatura de Cordel
    Nordeste e RS ligados pela literatura de Cordel
    Homero Paim, presidente da CORAG, sauda as autoridades presentes

    Na tarde de quinta-feira (03), foi realizado no Memorial do Rio Grande do Sul, o evento em homenagem a todos os escritores que tiveram suas obras publicadas na Corag. O Presidente da companhia Homero Alves Paim recepcionou os escritores homenageados, autoridades e todos os amantes da cultura, saudando a presença do Secretário Estadual da Cultura, Luiz Antônio de Assis Brasil. Paim falou sobre a parceria que ambos tem realizado e de tantas outras que ainda virão, anunciando, inclusive, que em 2012 a companhia contará com um dos mais completos parques gráficos para fabricação de livros do estado.
    - A Corag é a Imprensa Oficial do Estado que tem um comprometimento muito grande com a cultura. Somos os impressores do Diário Oficial e com essa finalidade a companhia foi criada há 38 anos atrás, porém hoje é muito mais do que isso. É um parque gráfico que tem tecnologia da informação e responsabilidade social. Exemplo disso é o projeto com a casa do artista que passa por uma série de problemas e vai receber apoio da companhia para a sua sustentabilidade, disse o presidente. Durante o discurso, Paim ainda lembrou do trabalho da funcionária Maria Helena que tem destacado o quão é importante a cultura, a educação, o livro e o conhecimento. Por fim agradeceu a todos os funcionários da Corag lembrando que muitos tem trabalhado na madrugada, sábados e domingos a fim de cumprir com a grande demanda de pedidos de livros, impressões e de muito material gráfico.
    - Todos temos orgulho de fazer parte da família coragueana, concluiu Paim.


    Destaque para os Cordeis

    Emocionado, Arievaldo Viana, poeta popular, ilustrador e publicitário, nascido em Fazenda Ouro Preto, Quixeramobim-CE, que foi um dos responsáveis, junto com o Pernanbucano Jô Oliveira, da adaptação em Cordel das obras do gaúcho Simões Lopes Neto, esteve na homenagem.

    - É a segunda vez que venho a Porto Alegre difundindo o projeto “Acorda Cordel na Sala de Aula”, e aqui é um dos lugares onde me sinto mais a vontade, onde a acolhida é mais calorosa, onde a identificação das pessoas com a minha arte é mais profunda. Ao trazer a cultura de cordel para o RS, pensei que iríamos encontrar algum tipo de rejeição ou indiferença e por isso resolvemos adaptar a obra de Simões Lopes Neto que é a que mais guarda semelhança com a narrativa dos cordéis nordestinos. A escolha foi muito feliz, pois já estamos aqui pela segunda vez com o mesmo objetivo e lançando, desta vez, uma “fornada” ainda maior aqui pela editora Corag. A Corag é a nossa casa aqui no RS e nós nos sentimos muito honrados com a presença de todos que participam desta homenagem aos amantes da cultura, que lutam pela conquista dos mesmos objetivos, disse Viana.

    Os Cordéis lançados nos evento foram: “Romualdo Entre os Bugios”, “Quinta de São Romualdo”, “O Estatuto da Criança e do Adolescente” e “O Estatuto do Idoso”.

    VER POSTAGEM COMPLETA AQUI:
    http://corag.com.br/index.php?option=com_k2&view=item&id=309:nordeste-e-rs-ligados-pela-literatura-de-cordel&Itemid=135&tmpl=component&print=1&lang=pt

    * * *

    REGISTRO

    Em Porto Alegre encontramos o escritor, poeta, ilustrador e declamador Fábio Sombra e o cartunista mineiro João Marcos Parreira (autor das tirinhas da dupla Mendelévio e Telúria) lançando livros bem interessantes, participando das visitas escolares e das atividades da Tenda de Pasárgada. Dessa boa amizade, surgiu a perspectiva de alguns projetos futuros...

    Arievaldo e Fábio Sombra

    SILVINO JACQUES, BANDOLEIRO E POETA


    Durante o lançamento de CASOS DE ROMUALDO EM CORDEL, no Memorial do Rio Grande do Sul, tomei conhecimento da existencia do famoso bandoleiro SILVINO JACQUES, afilhado de Getúlio Vargas, que escreveu a sua própria saga em mais de 200 sextilhas. Ele agiu na década de 1930, participou de revoluções como getulista e depois passou a viver uma vida errante, com um grupo de comandados, vivendo tórridos romances e confrontos históricos na região onde hoje é o Mato Grosso do Sul.
     Não sei porque o povo gaúcho batizou a obra erroneamente de “Décimas de Silvino Jacques”, pois o texto é, na verdade, todo em sextilhas... O cartunista SANTIAGO nos informou, por e-mail, que na infância conheceu outras "décimas" contando a vida de outros bandoleiros famosos do RS. A figura de Silvino Jacques é fascinante... pretendo escrever alguma coisa sobre ele em nosso blog.


    Silvino Jacques, bandoleiro-poeta afilhado de Getúlio Vargas


    Como já frisei “As Décimas Gaúchas” escritas por SILVINO JACQUES são SEXTILHAS em redondilha maior (sete sílabas), da mesma maneira da Literatura de Cordel nordestina:

    1
    Vou contar uma historia,
    Que muitos devem saber,
    Mas contada por quem não viu
    É justo não deve crer.
    E para que todos saibam
    Bem certo vou escrever.

    2
    Meu nome nunca neguei,
    E não pretendo negar,
    Me chamo Sylvino Jacques,
    E nunca procuro o mal
    Ele é quem me procura
    E sempre há de me encontrar.

    3
    Sempre fui perseguido
    por um ruim triste destino,
    Até chegar ao ponto
    De ser um homem ferino
    E meu nome ser comentado
    Com fama de assassino.

    4
    Essa triste sorte, de longe
    De longe vem me seguindo,
    Pois creio que é o meu destino
    Que anda me perseguindo,
    Embora cheio de mágoas
    Eu mostro-me sempre rindo.

    5
    Sou natural da fronteira
    Do Rio Grande estimado,
    Criei-me como um gaúcho
    De pingo bem encilhado
    Sempre alegre e altaneiro
    Sem maldizer meu Estado.

    6
    Fui nascido nas campinas
    Do Sul cheio de flores,
    Foi onde vi prazeres
    E que conheci amores,
    E conheci também tristezas
    E golpes cheios de dores.
    (...)

    segunda-feira, 7 de novembro de 2011

    ARENA DAS HISTÓRIAS


    Lançamento dos livros "A verdadeira história do navegador João de Calais e sua amada Constança", Editora FTD (selecionado para o PNBE 2012); "Peleja de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau" e "O Coelho e o Jabuti" (Editora Globo) na Arena das Histórias - espaço infanto-juvenil da 57ª Feira do Livro de Porto Alegre, no dia 04/11, às 15h30.  Textos em cordel de Arievaldo Viana e Ilustrações de Jô Oliveira

    Fotos: Luís Ventura
    Fonte: http://www.feiradolivro-poa.com.br




    Para ver todas as imagens, acesse o site da FEIRA e procure GALERIA DE IMAGENS. Os eventos que participamos foram nos dias 03 e 04 de novembro.

    Nossos contatos:



    domingo, 6 de novembro de 2011

    ENTREVISTA NA BAND



    Na 57ª Feira do Livro de Porto Alegre tivemos momentos bem interessantes. Um deles foi a entrevista que prestamos à afiliada da BAND, quando a repórter nos pediu para fazer uns versos falando dos apresentadores do programa. O jeito foi atender e exercitar a arte de glosador, porém expliquei para ela que o cordelista, diferentemente do repentista, tem que pensar um pouco ou escrever antes de criar. Bom... o importante é que o resultado foi bom e os apresentadores do estúdio gostaram do link feito em plena praça. Pertinho da gente, uma estátua do General Osório, o Centauro dos Pampas. Impossível não pensar nos escritos de Gustavo Barroso sobre as guerras cisplatinas...


    Estátua do General Ozório, o Centauro dos Pampas